Colecionar obras de arte (pinturas, esculturas e fotografias) e antiguidades requer, de antemão, paciência e gosto para pesquisar sobre diferentes épocas, estilos, originalidade, obtenção de declaração de autenticidade das obras por especialistas e cotações nos mercados nacional e internacional. Em alguns casos, os chamados "certificados de autenticidade" podem ser fornecidos pelo próprio artista no momento da compra, pela galeria que o representa ou por peritos na área.
Esse universo é incrível. E gosto, como sabemos, é algo também cultural. Estudos aprofundados para saber se uma obra de arte é autêntica podem ser os comparados que consideram, dentre outros meios, estilos, técnicas, caligrafia, assinaturas e documentos relacionados, como também aqueles que envolvem análises com usos de raio-x, fotografias com luzes infra-vermelhas e diversas, carbono 14, análises químicas, localização de impressões digitais e identificação, publicação de obras em livros e catálogos de exposições, dentre outros meios. Pesquisa arqueológica faz-se necessária em alguns casos. Isto dificulta o comércio de obras falsificadas ou reproduções e, no entanto, pode envolver alto custo financeiro.
É importante ter e consultar livros com fotos de desenhos, pinturas, gravuras, esculturas e outras formas de arte que possam compor um acervo. Visitar museus e exposições é fundamental. Quanto maior a diversidade, mais interessante e fácil fica reconhecer o que pode ser colecionável e, mais tarde, virar objeto de leilão e venda.
Arte, além de servir pra decorar casas e escritórios, é um investimento. E dos bons, se considerarmos os altos valores de venda que algumas peças alcançam no mercado internacional. Só em São Paulo, por exemplo, no ano de 2012, o mercado de arte movimentou mais de 1 bilhão de reais. Pouca gente se dá conta de que uma obra de arte, depois de determinados anos, passa a ter, além do valor da autoria, o valor histórico; e este deve ser ponderado na valoração e avaliação.
Todas as semanas surgem dezenas de catálogos de leilões de obras de arte mundo afora. É interessante consultá-los. Isto nos dá uma ideia sobre os preços que obras de determinado artista alcançam em "casas de leilões oficiais" e servem como comparativo com obras compradas em feiras livres ou pela Internet.
Eu particularmente sigo a intuição e meu gosto quando saio para comprar algum trabalho artístico. Além de estudar história da arte por conta própria, exercito meu olhar e uso a fotografia como instrumento para análise e comparação (inclusive antes da compra, quando o proprietário permite fotografar).
Boas obras podem ser compradas por baixo preço, principalmente quando quem vende não conhece nada sobre a obra e a trata como apenas mais um produto. Poucas vezes me senti um oportunista com isto, pois, cabe ressaltar que o tempo que é gasto com estudos e pesquisas também deve ser valorizado. Como marchand (profissional que vende obras de arte), é mais interessante comprar obra barata e vender por um preço alto. Algumas coisas têm valor histórico, artístico e cultural inestimável.
Nem todo mundo gosta de "velharias" ou "coisas velhas" e é aí que está o encanto. Trazer à tona o que ninguém valoriza. Pessoas morrem todos os dias, coleções são desfeitas por várias razões, autorias se perdem pela ilegibilidade da assinatura e a obra passa a ser vendida por uma mixaria.
Nem todo mundo gosta de "velharias" ou "coisas velhas" e é aí que está o encanto. Trazer à tona o que ninguém valoriza. Pessoas morrem todos os dias, coleções são desfeitas por várias razões, autorias se perdem pela ilegibilidade da assinatura e a obra passa a ser vendida por uma mixaria.
Quando a coleção estiver consistente, recomendo que sejam feitos catálogos e criadas teorias em torno das obras e dos artistas. Um colecionador pode vir a tornar-se teórico, divulgar pintores e escultores "esquecidos", iluminar nossa ignorância em torno das variadas facetas da arte.
Quase todo colecionador de obras de arte que conheço é, também, vendedor. Arte é coisa séria. Como tal, constitui-se em patrimônio material e muitas vezes sua conservação é de interesse da humanidade. Desta forma, em alguns casos incluindo o tombamento como um santo remédio, é interessante cadastrar a coleção no site do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, IPHAN, no sistema do Cadastro Nacional de Negociantes de Antiguidades e Obras de Arte, CNART.